Coleção de vaginas - produzidas em cerâmica plástica - idealiza uma cura simbólica para a boneca mutilada, com um vazio entre as pernas
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Coleção de vaginas - produzidas em cerâmica plástica - idealiza uma cura simbólica para a boneca mutilada, com um vazio entre as pernas
Artista lança galeria virtual para expor série de obras criada ao longo de 18 anos de aprofundamento em um tema específico - a assexualidade das bonecas Barbie
Toy Pussy
Coleção de vaginas - produzidas em cerâmica plástica - idealiza uma cura simbólica para a boneca mutilada, com um vazio entre as pernas
Chega ao mundo virtual, por meio de website interativo, um recorte da extensa obra da artista visual Viviane Cardell que teve início em 2006, quando lançou sua primeira série de vulvas idealizadas. A coleção foi apresentada pela primeira vez em Madri, na Espanha, e posteriormente em São Paulo, no ano de 2009. Desde então, suas obras vêm sendo expostas em mostras e galerias particulares.
Ao acessar a galeria https://www.toypussy.com.br/, com lançamento marcado para o dia 8 de março no Museu Nacional da República a partir das 19h, o/a espectador/a visualiza um menu no qual poderá selecionar cada “Toy Pussy”. Apresentadas em uma imagem 360°, no formato GIF animado ou similar, a/o visitante, ao acioná-las, ouve um áudio humorístico dramatizado na voz de uma atriz, ator ou cantora. “A intenção é que esse áudio agregue mais significados à experiência da espectadora e do espectador”, destaca a artista.
Com propósito questionador
A série questiona a criação de uma boneca objeto que é um mero cabide para acessórios. “Quando todos [os acessórios] são suprimidos, e a boneca fica nua, revela-se a representação de uma mulher assexuada, sem qualquer sinal de vulva”, aponta a artista, que, segundo ela, ao conceber a coleção, “idealizo uma cura simbólica para a boneca mutilada e crio um contraponto à lógica mercantil e patriarcal que converte o corpo feminino em objeto suscetível à violência física, sexual, estética e emocional”, almeja.
O envoltório das obras, em acrílico transparente, reproduz as embalagens de brinquedos. Inspiração que, no caso das Toy Pussies, inclui rótulos explicativos com bordões cômicos de duplo sentido que são traduzidos em diversos idiomas. Sobre o nome da coleção, Cardell explica: “Pussy, termo em inglês, pode ser traduzido como um apelido carinhoso dado a gatos domésticos e é uma forma de se designar a vagina”. Com isso, a tradução literal da série seria “vagina-brinquedo”.
Evolução da obra
A coleção exposta em 2009, em São Paulo, introduziu a série temática Pussies of the World, que fez menção à mutilação genital praticada em algumas partes do mundo, equiparando-a à mutilação simbólica da boneca. Além dessa, apresentou a série especial Bardot Pussies, criada em homenagem à atriz Brigitte Bardot, contemporânea da Barbie, mas símbolo autêntico da liberação sexual feminina.
Passados mais de 10 anos da exposição em São Paulo e depois da campanha “O mundo da Barbie está evoluindo”, lançada pela Mattel (fabricante da boneca), em 2016, poderia se pensar que Toy Pussy estivesse ultrapassado. Porém, tal campanha, utilizando-se dos conceitos de diversidade e inclusão, não passou de uma jogada publicitária para frear a queda nas vendas e expandir seu mercado. Por meio de discretas adequações nos traços faciais, cabelo e formato do corpo da boneca, a Barbie “evoluída” conquistou novas consumidoras mirins de todas as cores, corpos e tipos de cabelos.
E as contradições originais desse ícone persistem: a necessidade de acessórios, agora diferenciados e mais caros, e o vazio entre as pernas. Ao compreender a jogada de marketing da fabricante, Viviane trabalhou na nova coleção Toy Pussy Evolution, na qual a artista se debruça sobre as questões da pluralidade. Reitera o conceito inicial do projeto e explora diferentes formatos, cores, texturas e tamanhos para as vulvas, e aborda, ainda, a inclusão de pessoas LGBT+ e de pessoas com deficiência.
A denúncia, nesta nova série, discute a autenticidade desses voos da marca por ares democráticos, “restritos a quem pode pagar pelo caro bilhete de embarque e que se alicerça sobre o clichê contemporâneo da meritocracia com o mote: #VocêPodeSerTudoQueQuiser, que leva em conta o consumo desenfreado, essencial à boneca Barbie, e o eterno vender mais do mesmo.”, acusa a artista.
Imagens de divulgação: https://bit.ly/ToyPussy-VivianeCardell
Serviço:
Galeria Virtual “Toy Pussy”
Lançamento: 8 de março de 2024, sexta-feira, às 19h
Local: Museu Nacional da República
Endereço: Setor Cultural Sul, Lote 2 próximo à Rodoviária do Plano Piloto
Entrada franca e recomendada para maiores de 18 anos
Mais informações:https://www.instagram.com/vivianecardell/
Galeria virtual https://www.toypussy.com.br/, disponível para acesso após o lançamento