A queda de cabelo associada à dengue geralmente ocorre algumas semanas após a infecção aguda e pode ser atribuída a vários fatores, incluindo a resposta imunológica do corpo à doença
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A queda de cabelo associada à dengue geralmente ocorre algumas semanas após a infecção aguda e pode ser atribuída a vários fatores, incluindo a resposta imunológica do corpo à doença
A dengue, uma doença viral transmitida por mosquitos infectados, já causou mais de 1.126 mil mortes no Brasil, segundo dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde. A doença pode ter diversos efeitos colaterais no organismo, e a queda de cabelo é um deles. Embora não seja um sintoma comum a todos os casos, algumas pessoas experimentam a perda de cabelo como parte do processo de recuperação.
No Distrito Federal, já foram registrados 120.625 casos, de acordo com boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF). Nesse contexto, preocupações adicionais além dos sintomas usuais da doença chamam a atenção dos profissionais de saúde. A dermatologista Paula Luz Stocco ressalta que a queda de cabelo associada à dengue geralmente ocorre algumas semanas após a infecção aguda e pode ser atribuída a vários fatores, incluindo a resposta imunológica do corpo à doença, o estresse físico e emocional durante a infecção e o uso de medicamentos, como analgésicos e antitérmicos, frequentemente administrados para aliviar os sintomas da dengue.
"É preciso entender que a dengue, assim como a Chicungunya, Zika e a Covid, é causada por um vírus. Quando o corpo é acometido por essa doença, automaticamente o organismo se prepara para defender órgãos vitais de sobrevivência, como coração, rins, cérebro, pulmão e fígado. Dessa forma, cabelo, pele e unhas passam a não ser priorizados", conta.
Como ocorre o processo
A queda de cabelo associada à dengue pode ser entendida como uma resposta multifacetada do organismo a essa infecção viral. Durante o curso da doença, o corpo enfrenta uma batalha interna para combater o vírus. Além disso, o estresse físico e emocional causado pelos sintomas agudos da dengue também podem desempenhar um papel significativo no enfraquecimento dos folículos capilares. Além disso, alguns medicamentos utilizados no tratamento da doença podem ter efeitos colaterais que afetam o ciclo de crescimento do cabelo, contribuindo para a queda temporária dos fios.
“Vale ressaltar que a queda de cabelo após a dengue geralmente é temporária e reversível. À medida que o corpo se recupera da infecção, o crescimento do cabelo normalmente se normaliza e os folículos pilosos se recuperam. No entanto, em alguns casos raros, a queda de cabelo pode persistir por mais tempo e exigir intervenção médica para tratamento”, explica a especialista.
Se alguém notar uma queda excessiva de cabelo após ter tido dengue, é aconselhável consultar um médico ou dermatologista para avaliação e orientação adequada. Enquanto isso, manter uma dieta saudável, reduzir o estresse e usar produtos suaves para cabelos podem ajudar a promover a saúde capilar durante a recuperação.
“Vale lembrar que, mesmo não sendo frequentes, outros problemas dermatológicos, como unhas frágeis, ressecadas e coceira e descamação na pele, também podem aparecer após o paciente ter dengue”, conta.
Covid-19 e a queda de cabelo
Além da alta nos casos de dengue no país, os casos de Covid-19 também têm apresentado um aumento significativo. Desde o início da pandemia, em março de 2020, o DF já confirmou 929.606 casos de Covid-19. Desses, 11.959 pessoas morreram em decorrência do novo coronavírus.
Com isso, Paula Luz explica que a relação entre a Covid-19 e a queda de cabelo tem sido um tema de interesse crescente entre médicos e pesquisadores desde o início da pandemia.
“Embora a queda de cabelo não seja um sintoma comum da infecção aguda pelo vírus SARS-CoV-2, tem sido observada em alguns pacientes durante ou após a recuperação da doença. Assim como no quadro da dengue, vários fatores podem contribuir para a queda de cabelo em pessoas que tiveram Covid-19. Um dos principais é o estresse fisiológico e emocional causado pela infecção aguda, que pode desencadear um processo chamado eflúvio telógeno agudo. Nesse processo, um grande número de folículos capilares entra prematuramente na fase de repouso do ciclo capilar, resultando em uma queda de cabelo difusa e temporária, geralmente cerca de 2 a 3 meses após o evento estressante”, conta.
Além do estresse, a médica explica que outros fatores associados à Covid-19, como a inflamação sistêmica, a febre alta, a deficiência nutricional devido à perda de apetite e as mudanças nos níveis hormonais, também podem contribuir para a queda de cabelo. O uso de certos medicamentos durante o tratamento, como corticosteroides, também pode estar relacionado à perda de cabelo.
Tratamento
De acordo com a dermatologista, o tratamento para as duas situações virais pode ser à base de loções que ajudam a acelerar o processo de crescimento do cabelo e diminuir a queda dos fios, ou mesmo com suplementações personalizadas, laser e microagulhamento. Fora isso, o acompanhamento com o profissional é de extrema importância tanto para o diagnóstico como para o acompanhamento no pós.
“Na maioria dos casos, os folículos capilares se recuperam e o crescimento do cabelo retorna ao normal após alguns meses. No entanto, em alguns casos mais raros, a queda de cabelo pode persistir por mais tempo, exigindo acompanhamento médico e tratamento específico”, finaliza.