Além da doença interferir na coagulação sanguínea, ela pode também acarretar em miocardite e arritmia
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Além da doença interferir na coagulação sanguínea, ela pode também acarretar em miocardite e arritmia
A dengue é uma das doenças virais mais prevalentes em países tropicais. Atualmente, o Brasil vivencia uma epidemia desse problema em diversas regiões. Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), já são mais de 688.461 mil casos prováveis de dengue em todo o país.
No Distrito Federal, até o momento, já são mais de 81.408 mil casos prováveis da doença, conforme dados da Secretaria de Saúde do DF. Além das diversas complicações à saúde, o surto de dengue traz um alerta sobre seu potencial impacto na saúde de pessoas com problemas cardiovasculares.
Segundo o cardiologista do Instituto do Coração de Taguatinga (ICTCor), Ernesto Osterne, além dos sintomas clássicos, como febre, mal-estar, dor no corpo e fraqueza, a dengue pode causar complicações temporárias, incluindo aumento das enzimas hepáticas, plaquetopenia (queda das plaquetas) e inflamação no músculo cardíaco (miocardite).
“Nossa preocupação, enquanto cardiologistas, está nos pacientes com doenças coronarianas que fazem uso contínuo de ácido acetilsalicílico (aspirina) e/ou outros anticoagulantes, bem como nos diabéticos que também utilizam aspirina para prevenir eventos cardíacos. É de extrema importância a vigilância e cuidado extra para essa parcela de pessoas, levando em consideração a possível interação entre a dengue e os medicamentos utilizados para condições cardiovasculares”, explica o médico.
O cardiologista destaca que a dengue, uma doença febril causada por um vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, apresenta sintomas como febre, dor de cabeça, dores no corpo, articulações e atrás dos olhos, surgindo geralmente após três dias da picada. Em casos mais graves, como a dengue hemorrágica ou a síndrome de choque da dengue, pode resultar em sangramento, ou ocorrer complicações que afetam o sistema circulatório e, indiretamente, podem impactar o coração e até levar à morte.
“No caso da situação cardiovascular, as complicações mais graves da dengue podem levar a uma diminuição da pressão arterial, vazamento de fluidos dos vasos sanguíneos para os tecidos circundantes (o que pode levar à redução do volume sanguíneo), disfunção de órgãos e choque”, conta Osterne.
O especialista ressalta ainda que, em casos extremos, essas complicações podem ter impacto no coração, levando a problemas como insuficiência cardíaca temporária. Em meio ao surto do problema no país, cardiologistas discutem a possível suspensão de anticoagulantes em casos de suspeita de dengue. Embora essa prática seja mais estabelecida nas regiões Norte e Nordeste, onde a doença é mais comum, os profissionais do Sul, Sudeste e Centro-Oeste têm adotado a recomendação de maneiras variadas.
“O intuito é criar uma rotina orientativa para médicos e pacientes diante da suspeita de dengue. O tratamento médico adequado e a intervenção precoce são essenciais para prevenir complicações graves associadas à dengue. Pessoas com sintomas suspeitos de dengue devem procurar assistência médica imediatamente para avaliação e manejo adequados", finaliza.