A oferta de cursos rápidos em Psicanálise vai de encontro à intensa e séria formação que a área exige.
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A oferta de cursos rápidos em Psicanálise vai de encontro à intensa e séria formação que a área exige.
No final do mês de janeiro, recebi do Conselho Profissional da Federação Brasileira de Psicanálise – FEBRAPSI, no qual represento a Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo – SBPSP, um vídeo chamando a atenção para o que está acontecendo com a nossa querida Psicanálise. Trata-se de um curso, que ao final de seis meses você sai diplomado, com dez módulos de vídeos apresentando “noções de psicanálise”. Basta o ensino médio para se inscrever.
Assim como esse, a todo momento recebemos propaganda de instituições oferecendo psicanálise de curto prazo. O Conselho Profissional da FEBRAPSI acompanha a capilaridade dessas ofertas. Estes cursos, acreditamos que possam ser questionados pelo próprio pretendente, mas nem sempre isso ocorre. Sabemos que, diante da dimensão do sofrimento humano, é necessário intensa e séria formação.
O que causa mais perplexidade são os cursos de graduação em Psicanálise, como o proposto por uma universidade que, para nossa consternação, que buscam aprovação do MEC. Existe uma preocupação do Conselho Profissional da FEBRAPSI, que hoje tem como suas federadas todas as Sociedades de Psicanálise do Brasil, com o futuro da formação do psicanalista em nosso país. O Conselho vem se mobilizando junto ao MEC para tentar impedir a regularização de cursos como este e outros ligados a instituições religiosas.
Comento também um artigo publicado recentemente em uma revista, que compara uma profissão regulamentada com a Psicanálise, que não é uma profissão regulamentada, nem regulada, não existindo um órgão regulador como tem a Psicologia e outras disciplinas. Sendo assim, esses cursos não poderiam ser validados, à medida que não existe a Psicanálise como profissão. Bem oportuno a revista abordar esta séria e importante questão. Ficou faltando explicar os motivos pelos quais a Psicanálise não buscou este caminho, ou seja, da regulação ou regulamentação.
O atual presidente da FEBRAPSI, Hemerson Ari Mendes, esclarece essa questão trazendo a posição desta instituição, que representa as Sociedades federadas. Após pesquisa e reuniões com psicanalistas de instituições que seriamente oferecem cursos de Psicanálise, e que se uniram através do Movimento Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras para defender a não regulação/regulamentação. O intuito é preservar a particularidade do processo formativo e se diferenciar de instituições com graduações universitárias e de cursos de extensão universitária que não prezam pelos critérios defendidos por esse movimento.
O Conselho Profissional da FEBRAPSI vem produzindo vídeos sobre temas de interesse para o público em geral. Já foram transmitidos oito vídeos com profissionais vinculados às nossas instituições, que cuidadosamente informam, esclarecem e defendem o nosso patrimônio histórico de conhecimentos, evidenciando a seriedade necessária na formação do psicanalista das nossas federadas com o selo da International Psychoanalycal Association – IPA. (clique aqui para assistir aos vídeos)
E por que tanto interesse e tantos cursos de Psicanálise? Acreditamos que seja pelo valor que tem a Psicanálise na comunidade, através de seus resultados clínicos. Também, nesse momento pós-pandemia que a humanidade está passando, talvez haja oportunismo mercadológico. Neste sentido, é fundamental que nossas Sociedades sigam atentas aos movimentos, e firmes na defesa de uma Psicanálise ética em consonância com os preceitos consagrados pela história da qual somos participantes e fiadores. Nosso compromisso profissional é com o bem-estar psíquico do paciente que procura nossas clínicas e nossa Instituição.
Em nossos Institutos, os interessados em fazer a formação são criteriosamente selecionados, sendo fundamental análise pessoal de alta frequência (no mínimo cinco anos), além de supervisões, cursos teóricos e apresentação de trabalhos que representem sua atividade clínica e sua apreensão teórica, tudo validado pelos nossos pares junto à IPA. Esta é a melhor maneira de defender a qualidade e a ética de uma formação psicanalítica.
Assim, a Psicanálise é um ofício que se transmite ao longo de uma longa trajetória contínua, que não se completa num tempo cronológico e que possibilita além do desenvolvimento pessoal e conhecimentos adquiridos, um frutífero convívio com colegas.
Cristina Maria Cortezzi é analista didata e docente da SBPSP. Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP. Co-organizadora do livro Sexualidades e Gênero: desafios da Psicanálise (Ed. Blucher).
https://helenacastellobranco.com/