De Brasília - Página 13

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Essa crônica vai ser grande, desculpa por isso. Eu comecei a escrever tentando encontrar uma espécie de porto seguro que me levasse para bem longe do mundo real. Então, eu admito que o mundo real nem sempre é o que eu quero para mim. Porque no caos, e na crueldade do mundo, ninguém se importa se você tem um coração. Chester Bennington morreu essa s ...

Continuei na fila, afinal já não podia mais te olhar. Com pena não podia, com pena não... Queria que fosse um caderno de capa azul, da cor do céu, queria até que tivesse o pó das estrelas, e que elas realizassem os desejos mais ínfimos do seu coração, e do meu também.

Essa Brasília que em cada nuance diz um universo inteiro. Brasília que já sofreu ditaduras, mas que esqueceu. Brasília que faz tantas homenagens em seguida, mas que em um segundo esquece tudo. Brasília de Niemeyer, de Lúcio Costa, minha, sua.

Flávio acordou às 8. Tomou um café aguado, frio e sem açúcar. Sentou-se com a postura mais-que-perfeita. Sentara. No desespero do calor que comandava seu cubículo, apartamento, começou mais um dia entre os tijolos de papeis. Seus dedos ágeis copiavam a Constituição com o desejo de colar cada palavra ao cérebro.

Esbarrei numa moça, seu vestido era puro brilho, seus olhos, e corpo também. Pedi desculpas, e como vi que a sua bolsa caiu no chão, peguei e entreguei a ela. Ela sorriu, e disse que estava difícil encontrar gente assim como eu naquele Bloquinho, eu concordei.