Você sabia que é possível fazer a reabilitação pós-covid de graça pelo SUS? Pois eu descobri isso na prática e vou contar para vocês como foi todo o processo.

Vou falar também um pouco sobre cada uma das especialidades que o programa disponibiliza aos pacientes, como foi meu tratamento no início e como está sendo agora com o apoio da equipe.

Confira!

Como foi meu processo de internação e tratamento durante a doença?

Bem, no mês de junho de 2021, eu e meu marido fomos ao hospital, pois ele apresentava um quadro grave de COVID e eu estava com sintomas mais leves.

Depois de alguns dias, eu comecei a ter crises constantes de febre, dores pelo corpo, cansaço, diarreia e muita dificuldade para respirar, principalmente durante o sono.

Voltei então ao hospital e os médicos acabaram por me internar para tentar um melhor controle do quadro.

Porém houve uma piora das condições respiratórias e, para aumentar minhas chances de sobrevivência, fui entubada e permaneci assim por quinze dias.

Antes deste procedimento, pedi para que chamassem meu marido, para que ele pudesse acompanhar tudo e realizei algumas ligações aos meus familiares.

Permaneci entubada e em coma por cerca de quinze dias e depois estive acordada por três dias, mas por ainda sentir muita dificuldade em respirar, recebi novamente os tubos, ficando assim por aproximadamente vinte dias.

Problemas que vieram junto com o COVID

Esse longo período no hospital fez com que eu tivesse algumas sequelas, como o mau funcionamento dos rins, me obrigando a participar de algumas sessões de hemodiálise.

Além disso, nas duas entubações tive contato com uma superbactéria hospitalar, que me causou uma infecção grave, com febre alta e necessidade de alimentação por sonda.

Tive também um aumento na pressão arterial e paralisia dos membros inferiores e superiores, ou seja, de pés e mãos.

Meu processo de recuperação

Após me recuperar das duas entubações e infecções, aguardei alguns dias para ser transferida da UTI para uma das enfermarias do SUS.

Onde fiquei em observação por mais 48 horas e, depois desse prazo, finalmente tive alta e pude ir para casa.

Os hospitais em que fiquei foram o HRAN (Hospital Regional da Asa Norte - UTI) e o HRT (Hospital Regional de Taguatinga - enfermaria).

Como está sendo minha reabilitação?

Meu processo de reabilitação teve início ainda durante minha estada na UTI, pois precisava recuperar alguns movimentos e aprender novamente a ingerir alimentos sólidos.

No entanto, por estar bastante debilitada e por não conseguir fazer praticamente nada, precisei buscar auxílio. Neste momento eu estava usando fraldas e totalmente dependente de terceiros.

Para ter um tratamento adequado, me cadastrei na Rede Sarah e no Centro de Reabilitação de Taguatinga - CER, o qual não cobria os tratamentos que eu precisava.

Assim, depois de aproximadamente cinco meses de espera, o CER me recomendou o HAB (Hospital de Apoio de Brasília) ou o HUB (Hospital Universitário de Brasília), que oferecem reabilitação pós-COVID de graça.

Acabei ficando com a primeira opção, o HAB, que conta com uma ampla equipe multidisciplinar, a qual poderia me ajudar com maior eficiência a recuperar meus movimentos.

Após realizar uma consulta e uma avaliação feita por diferentes especialistas, pude entrar na lista de espera e, este foi de fato o início do meu processo de reabilitação.

Como funciona o processo de reabilitação pelo HAB?

Para conseguir a reabilitação no HAB, o paciente precisa passar todo o tempo no local, ou seja, terá atendimentos pela manhã e tarde e precisará dormir nas enfermarias para melhor acompanhamento por parte da equipe.

O processo consiste em realizar exercícios regulares e equipe o avalia e se reúne com você para uma estimativa de alta do programa e melhor plano de tratamento/permanência no hospital.

Comigo a internação se deu no dia 10 de janeiro de 2022 e, no dia 26 de janeiro aconteceu a minha tão esperada reunião, que forneceu detalhes sobre o meu tempo de recuperação.

Mesmo não sendo um local exclusivo para casos de COVID, o HAB me permitiu o contato com outras pessoas que apresentavam sequelas semelhantes às minhas, contribuindo com a melhora no meu processo.

Quais os profissionais que compõem a equipe multidisciplinar?

Há de fato uma equipe bastante ampla que faz o acompanhamento dos pacientes internados no HAB.

Nos próximos tópicos você confere com detalhes quais são cada uma delas.

Nutricionistas

Há uma completa equipe responsável pela nossa nutrição, que orienta quanto aos melhores cardápios durante todo esse processo.

Com as indicações do grupo, já consegui uma perda de aproximadamente 5kg.

Eles fazem todo o possível para que os alimentos sejam saborosos, dentro das restrições que o paciente possui.

Isso permite que o paciente tenha uma experiência mais confortável dentro do programa, ao contrário do que se pode imaginar, afinal, tudo é muito fresquinho e saboroso.

Fisiatra

A responsável pela minha recuperação é a Dra. Ana Paola, que procura auxiliar com todo cuidado e dedicação os pacientes internados.

Ela é excelente profissional e bastante experiente.

Com ela me sinto em boas mãos.

Enfermeiros, técnicos, responsáveis pela limpeza e demais profissionais do hospital

Existe ainda uma completa equipe de enfermeiros e técnicos de enfermagem, que cuida da aplicação dos medicamentos, da higiene dos pacientes, etc..

Os profissionais da limpeza se dedicam a manter todas as alas da enfermaria em ordem, com as camas arrumadas, limpas e também com os ambientes bem higienizados.

Além de toda a equipe de apoio que está disponível 24 horas por dia.

Fisioterapia

Quanto à fisioterapia, há duas modalidades: uma no ginásio e outra na piscina, a hidroterapia, com vários profissionais. 

A Vanessa é a minha terapeuta no ginásio. E é uma excelente profissional, aliás, toda a equipe é. Gratidão imensa a elas.

Já na piscina, é com a Mari, Paloma e algumas estudantes da UNB.

As atividades feitas durante essas duas práticas permitem que haja uma melhor recuperação dos movimentos, aperfeiçoamento da marcha (para progresso da caminhada), fortalecimento muscular, etc.

Os exercícios englobam bicicleta, caminhada na piscina e diversos outros semelhantes aos feitos em academias, mas com foco na recuperação de lesões e são realizados todos os dias no período da manhã.

Terapia Ocupacional

As especialistas dessa terapia trabalham com diversos materiais que focam na melhora da parte motora e também no estímulo da sensibilidade das extremidades, principalmente das mãos.

A minha terapeuta é a Ana Paula.

As principais atividades que faço por lá são pegar grãos de arroz, de feijão, enrolar massinha com os dedos mais afetados, além de pintar, desenhar, amassar papéis, segurar e apertar pregadores de roupas, entre várias outras.

No meu caso, o tratamento possibilitou um progresso significativo na mobilidade de alguns dedos do lado direito, que eu não conseguia nem dobrar. 

Além de um avanço muito rápido na melhora da sensibilidade e diminuição das dores constantes que sentia.

Psicólogos e Psiquiatras

A equipe de psicologia é formada por diversos profissionais, os quais cumprem diferentes escalas.

Eles são fundamentais para que consigamos uma melhora também na nossa parte emocional, pois a impossibilidade de fazer o que se fazia antes do problema de saúde costuma gerar desânimo e depressão, principalmente em tratamentos longos.

E a equipe também conta com um psiquiatra.

Ele tem autorização para receitar medicamentos que reduzem as dores causadas pela doença, além de diversos outros tipos, para melhora do sono, etc.

Médicos, Plantonistas e Dentista

A equipe médica, que fica de plantão na parte de reabilitação pós-COVID de graça está sempre presente para nos ajudar. 

A Dra. Denise é a que mais está presente no meu caso, uma profissional totalmente dedicada à melhora e bem-estar dos pacientes.

Já com relação à parte odontológica, saiba que o HAB também conta com uma especialista na área.

Ela realiza diversos tipos de tratamentos, como restaurações, limpeza e etc., e também auxilia quanto à indicação de exames com custos mais baixos.

Acupuntura 

Este é um dos tratamentos mais incríveis que o HAB oferece, pois a profissional trabalha de uma forma capaz de reduzir consideravelmente as dores que o paciente sente.

No meu caso, poderia destacar uma aplicação feita no braço, onde a agulha permaneceu por cerca de duas horas, fixada com um adesivo para evitar ferimentos, que me permitiu movimentos leves com a mão, com as agulhas ainda em mim, sem nenhuma dor.

Desta forma, consegui praticar os exercícios solicitados durante a sessão de Terapia Ocupacional com maior facilidade, e isso se estendeu por um certo tempo, depois que a agulha foi removida.

Portanto, é um tratamento extremamente eficaz.

Farmácia e Assistência Social

Além de toda a equipe já citada, há também os profissionais responsáveis pela farmácia, que fazem a distribuição de todos os medicamentos que os pacientes necessitam.

No caso da Assistência Social, a especialista Graça fornece informações sobre benefícios que os pacientes possam ter direito, como Auxílio Doença e Benefício de Prestação Continuada (BPC).

No mais, ela também analisa a necessidade de fornecimento de outros itens, como cestas básicas e equipamentos para melhor adaptação em casa, dentre eles cadeiras de roda e de banho.

A rotina no hospital

Os horários das demais atividades durante a internação são bem definidos e o dia começa com o café da manhã, servido às 07h30.

O almoço acontece às 11h30, o lanche da tarde às 14h30, o jantar às 17h30 e a ceia às 19h30, ou seja, o paciente tem direito a cinco refeições diárias.

E como já mencionado, os cardápios são balanceados, definidos de acordo com as necessidades do paciente e preparados com todo o carinho, sem deixar o sabor de lado.

Portanto, o paciente tem toda uma rotina de internação no HAB durante os cinco dias da semana e, aos finais de semana recebe uma liberação para ficar em casa.

E essa integração entre dias no hospital e em casa, permite que haja uma motivação maior dos pacientes para a prática dos exercícios terapêuticos, além de possibilitar que eles vivenciem essa rotina em seus lares.

Dessa forma, eles podem manter o contato com o ambiente que mais gostam, com seus familiares e terem também um ganho quanto à sua autonomia, pois irão realizar algumas tarefas básicas por conta própria, como levantar da cama, ir ao banheiro, etc..

Com relação à minha programação em especial, costumo conseguir cumpri-la toda durante o período da manhã, para que até o meio dia já tenha terminado tudo, feito minha higiene e almoçado.

Assim, consigo reservar a tarde para trabalhar e estar com meu marido, pois ele também utiliza o espaço para cumprir suas tarefas profissionais, visto que é meu acompanhante e ainda estou bastante debilitada.

Portanto, eu ainda permaneço no programa de reabilitação, afinal, preciso de mais exercícios e também da realização de uma cirurgia no punho para descompressão do nervo.

No entanto, já tenho percebido uma melhora significativa, como já disse anteriormente.

Conclusão 

Como foi possível notar, há sim uma reabilitação pós-COVID de graça pelo SUS e é possível buscar atendimento em outras regiões do país, pois é um programa da rede SUS.

Ou seja, não é apenas em Brasília pela Rede Sarah, pelo HAB ou pelo HUB que esse amplo programa é oferecido.

Assim, se você estiver precisando desse tipo de atendimento, basta procurar a Unidade Básica de Saúde da sua região para saber mais informações sobre esse grande tratamento!

E se você ou alguma pessoa próxima estiver passando por essa complicação pós-covid, não deixe de procurar ajuda, para alcançar uma vida com mais qualidade e sem dores.

Envie esse texto para seus contatos e vamos divulgar esse programa maravilhoso gratuito.